terça-feira, 30 de março de 2010

Viveste em mim...

Posso dizer que viveste em mim o tempo suficiente para saber que não és, nem serás. Esse tempo que me fez sorrir, deu-me alguns prenúncios do que iria suceder mas eu andava demasiado iludido, esta cabeça fazia planos e conjugava os verbos no plural quando deveriam ser conjugados na primeira pessoa. Uma conversa num dia proibido fez do dia noite, mas deixou a promessa que a noite iria ser dia. Curiosamente nesse dia construiu-se uma primeira vitória, daquelas que nos faz continuar em busca da próxima, e da próxima, e das próximas... daquelas que definem um vencedor. É assim que me sinto. Já uma vez aqui disse que o que não nos mata torna-nos mais fortes. As coisas não mudaram, até que, quando menos se esperava... Os beijos, as carícias, as cumplicidades, o olhar nos olhos e o tempo que abundavam, deram lugar à indiferença e à "distância"... Aprendi a viver com isso, como com tudo na vida. Vou aprendendo. Umas vezes mais rapidamente, outras mais lentamente, mas aprendo. A vida ensina-nos... Mesmo aquilo que nos parece impossível de aprender. Sim, aprendi a viver com a "ausência" do meu pai, embora nem sempre pareça que sou sucedido, apesar do grande vazio que sinto. A partir daí, tudo o resto é "peanuts"! E assim foi, aprendi a viver com isso. Foi assim que aprendi a viver sem ti... Não sei se essa aprendizagem mexeu contigo, não sei se apenas sentiste a falta daquilo que esteve na tua mão, francamente, não sei... Só que, a vida é assim, feita de altos e baixos, umas vezes estamos por cima, outras estamos por baixo... Com a idade e com a vivência controlamos as nossas euforias e limitamos as nossas descrenças e derrotas, para que nunca subamos demasiado nem desçamos muito... mas este é o meu ponto de vista, vale o que vale. Outrora, numa situação semelhante, iria a "correr" como se não existisse mais ninguém. Hoje? Hoje sei o meu valor, sei que na vida todos ganhamos, todos perdemos. A minha derrota de então, tornou-se na minha vitória de hoje e, mesmo que não haja uma inversão de papeis, desconheço e nem quero saber, hoje estou por cima, estou bem, estou a sorrir... e isso tem contribuído para o meu bem-estar, e de que maneira. O amanhã não sei, na realidade, quando estamos bem isso é o menos importante... Carpe Diem!
Não és o futuro e fazes parte do passado. Isto quando continuas presente...
Deixaste-me sem nada para perder e com muito para ganhar... Mas isso são outras histórias...

16 comentários:

Sofia disse...

Escreveste tão bem. BRAVO Algures!

:) beijinho

Algures disse...

Obrigado pelo elogio Sofia, sabe sempre bem ouvi-los :-)
Este post estava a "marinar" há cerca de 2 semanas e com a falta de tempo nunca mais o terminava. Hoje ficou concluído...
Beijinho!

açoriana disse...

Algures onde apenas tu sabes, foste feliz num presente vivido e partilhado! Agora, de olhos postos no futuro, vive este novo presente sem que o passado te impeça de o conseguir fazer em pleno...:)

Continuação de uma boa semana para ti!

Algures disse...

Açoriana,

Vamos sendo felizes a espaços, tentando com que essa felicidade se prolongue no tempo esteja esboçada no nosso rosto sob a forma de um sorriso...O futuro está sempre um passo à nossa frente pelo que a nossa felicidade começa agora. É mais fácil falar do que fazer, mas estamos cá para contrariar isso... O passado serve-nos de aprendizagem para o presente e para o futuro.
Obrigado pela presença sempre simpática. Desejo-te um bom resto de semana...

D'Alma disse...

fizeste-me chorar... as tuas palavras e sentimentos podiam ser os meus...

Algures disse...

Julieta D´Alma,

Não sei que diga... A intenção não é essa, antes pelo contrário... É mostrar a nós próprios que conseguimos ultrapassar as nossas derrotas e as nossas paixões frustradas. Mostrar que existe um amanhã que começa hoje mesmo, nesta hora, neste minuto, neste momento... e que esse "amanhã" de que falo, depende muito de nós... Estou longe de ser um exemplo para alguém, de tempos a tempos também tenho as minhas "crises"...Algumas "abalam" os "alicerces" da minha "estrutura" e aí penso "que construção tão precária", mas vou resistindo aos "abalos" e suportando-os melhor, pois vou conhecendo-os cada vez mais... Sorri, pois a força do teu sorriso secará as tuas lágrimas...

Um abraço sentido...e... :-))
Beijinho

Algures disse...

PS: na resposta à Açoriana, falta um "e" numa frase, assim dever-se-á ler "(...) se prolongue no tempo E esteja esboçada no nosso rosto(...)"

D'Alma disse...

eu sei! e foi isso tudo que senti... :)

D'Alma disse...

quando lia a tua mensagem passava na radar uma música lindíssima... as tuas palavras e essa música conjugaram-se de forma taão intensa que tiveram esse efeito em mim...
as lágrimas não foram tristes, foram libertadoras... :)
obrigada!
muita força para ti também!
Beijinhos

a música estará em saturno...

Zlati disse...

Já não passava por aqui há algum tempo, peço desculpa pela ausência...Este texto parece adaptar-se tão, mas tão bem ao meu estado actual...gostei de ler!beijo

Anónimo disse...

Palavras e sentimentos sábios. E isso tudo... "o que não nos mata torna-nos fortes" obrigado pela partilha. Muito bom, muito confortante

Algures disse...

Julieta D´Alma,

É bom saber que as minhas palavras conjugadas com uma música lindíssima tiveram esse efeito libertador...
Passarei por Saturno para ver onde me leva a "tua" música...

Beijinho

Algures disse...

Mona Lisa,

Gosto sempre das tuas visitas e de te ler. Não precisas de pedir desculpa pois sei que não tens tido (muito) tempo. Eu também não, pelo que pouco tenho escrito por aqui e por outros lados...
É bom saber que te identificas com o post, pois é sinal que estás bem e com os horizontes "abertos"...

Beijo e bom fim de semana :-)

Algures disse...

Anónima(o),

Acima de tudo palavras sentidas e algum conhecimento que me tem sido transmitido pela vida, assim como por pessoas com quem a vamos partilhando nesta caminhada. Folgo em saber que te conforta e que a mensagem te chegou a ti...

Volta sempre Algures...

Anónimo disse...

Hoje apeteceu-me vir aqui, ouvir a tua música, ler as tuas palavras, chorar de tristeza, e confortar-me. De facto, só para uma partida definitiva não há solução... perdi um amigo, que lutou, lutou muito, mas foi traído pelo coração que não resistiu mais. Como se explica a uma menina de 11 anos e a um menino de 13, que o pai não vai mais estar presente, como se dá conforto aos pais que vêm ir um filho com 36 anos. Diz-me como... Como eu faço esta menina, que finalmente agora dorme tranquila na minha cama,acreditar que o pai vai estar sempre a olhar por ela, vai sempre estar presente no seu coração.
Mal sabia eu que me despedi de ti na quinta-feira e te desejei uma Feliz Páscoa, e que nem 24 horas depois tu já não estás cá.... pelo menos nesta vida terrena... quero acreditar que estás num sítio melhor. Adeus meu amigo. Mais uma prova que o que não nos mata deixa-nos mais fortes. A vida é muito estranha. Temos de aproveitar tudo de bom, tudo o que nos traga alguma felicidade. É pouco....muito pouco.... o tempo.
Desculpa o desafabo, mas fez-me tão bem, aliviei um pouco a minha alma e a minha raiva.
Beijinhos
SB

Algures disse...

S.,

Lamento imenso. A vida prega-nos partidas e está constantemente a pôr-nos à prova. Infelizmente. Sempre que quiseres sabes que podes aliviar a alma junto deste teu amigo. Os amigos são, acima de tudo aqueles que estão presentes nos momentos maus...à chuva, ao frio, nas lágrimas, na tristeza. Se há sentimento que nos atinge de uma forma única é o sentimento de perda... Cada um sente à sua maneira, seja chorando, seja cerrando os dentes, seja abraçado a alguém que nos é querido. Todos nós sentimos a falta daqueles que nos são mais queridos e não vai ser diferente com esses meninos, mas acredito que a família e os amigos farão tudo, mas tudo o que puderem para que eles sintam o mínimo a ausência do pai. Eu senti isso e tinha 32 anos quando perdi o meu pai. Ele está sempre comigo e em tudo o que faço... até nos meus gestos... Os meninos sentirão isso... crescerão fortes e o pai olhará sempre por eles. Eles sentirão isso. Acredita...
As palavras não nos aliviam a dor, mas escrever liberta-nos um pouco dessa ferida que só o tempo, a amizade e o amor nos ajudará a sarar, se é que sara totalmente...
Sempre que precisares, sabes onde me encontrar... 24horas por dia disponível para os Amigos. Sempre...
Um beijinho e um Abraço... Força e Coragem...